Conforme define a Agenda 21, na Conferência Rio-92
(BRASIL, 2004), a desertificação é o processo de degradação da terra nas
regiões áridas, semiáridas e subúmidas secas, resultante de diferentes fatores,
dentre eles as variações climáticas e as atividades humanas, sendo que por
"degradação da terra" se entende a degradação dos solos, da fauna e
flora e dos recursos hídricos, com a consequente redução da qualidade de vida
da população.
No Brasil, o Plano Nacional de Combate à
Desertificação (PNCD), por meio da Resolução nº 238, instituída em 1997,
considerou que grande parte das terras com níveis de susceptibilidade à
desertificação de moderada a muito alta se encontra nas áreas semiáridas e
subúmidas do Nordeste, o que corresponde a cerca de 181.000 km2,
abrangendo, aproximadamente, 20% do semiárido nordestino.
De forma geral, as causas da desertificação no
Nordeste não são diferentes daquelas normalmente encontradas em outras áreas do
mundo. Quase sempre se referem à exploração dos recursos naturais, a
agricultura irrigada de forma insustentável (como por exemplo, a transposição
do rio São Francisco), a práticas indevidas do uso do solo (superpastoreio e
cultivo excessivo) e, sobretudo, a modelos de desenvolvimento regionais
imediatistas. O aumento da intensidade do uso do solo e a redução da cobertura
vegetal nativa têm levado, em especial, à redução da sua fertilidade, o que
demonstra a fragilidade desse ecossistema.
Atualmente esse problema vem se agravando graças às
recentes secas que assolaram o Nordeste. Na maior parte dessas áreas predominam
solos rasos e uma cobertura vegetal esparsa de caatinga hiperxerófila. Sob
estas condições e nos locais onde os agroecossistemas são dependentes de chuva,
a perda de solo por erosão é o principal fator que conduz as perdas das terras
produtivas do semiárido.
Os
fatores que envolvem a desertificação reduzem a capacidade produtiva da terra,
diminuindo a produtividade agrícola e, portanto, impactando as populações. O meio ambiente
também é prejudicado com este processo. A formação de desertos elimina a vida
de milhares de espécies de animais e vegetais, pois modifica radicalmente o
ecossistema da região afetada. Os prejuízos
sociais podem ser caracterizados pelas importantes mudanças que a crescente
perda da capacidade produtiva provoca nas unidades familiares. As migrações
desestruturam as famílias e impactam as zonas urbanas, que quase sempre não
estão em condições de oferecer serviços às massas de migrantes que para lá se
deslocam. A população afetada caracteriza-se por alta vulnerabilidade, já que
estão entre os mais pobres da região, e com índices de qualidade de vida muito
abaixo da média nacional.
As
principais consequências da desertificação são: eliminação da cobertura
vegetal, redução da biodiversidade, intensificação do processo erosivo, redução
da disponibilidade e da qualidade dos recursos hídricos, diminuição na
fertilidade e produtividade do solo, redução das terras agricultáveis, redução
da produção agrícola, desenvolvimento de fluxos migratórios, crescimento da
pobreza e aumento das doenças devido a falta de água potável e subnutrição.
A desertificação altera todo o ciclo do
bioma: a fauna, a flora, a vegetação. E com isso, surge outro problema crucial
que afeta o homem do campo: a subsistência. Sem animais para caçar e sem chão
fértil para plantar, a comunidade rural acabará migrando de vez para a zona
urbana. De acordo com alguns geógrafos, esse fenômeno ainda não aconteceu pela
nova forma de sustento da maioria das famílias pobres no Brasil: a Bolsa Família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário